A Mulher no Islam

Seus direitos e deveres na religião e na sociedade

Muçulmana
Representação de Eva no Jardim

Introdução

Não é segredo para ninguém que a mulher sempre foi estigmatizada em todas as civilizações anteriores.

Na crença judaico-cristã, Hawwa Eva foi a culpada pela expulsão do homem do paraíso e por todo o sofrimento imposto a ele.

Na mitologia grega, a responsável pelas desgraças que assolam a humanidade era Pandora.

Desde tempos imemoriais, as mulheres nunca tiveram acesso aos mesmos direitos que os homens, e houve épocas em que se supôs que a mulher não tivesse nem alma.

Tudo fruto do machismo e da prepotência que sempre acompanharam a humanidade, e uma das principais críticas que recaem sobre o Islam é a de que a religião prega que a mulher seja submissa ao homem.

No entanto, mais uma vez, veremos que tais acusações se baseiam em aspectos sob os quais não se conhece bem o uso do hijab, por exemplo –, e não em nenhum fundamento prático.

Para começar, o Islam já retira de Hawwa Eva a culpa pelo erro da ingestão do fruto proibido.

Segundo a crença islâmica, tanto Hawwa Eva quanto Adam Adão erraram, e se alguém tiver uma parcela maior de culpa, este alguém é Adam Adão.

Deus não só confirmou no Alcorão que a mulher possui corpo e alma como a igualou ao homem, isto é, em nenhum momento se confirma a tese de que o homem seria melhor que a mulher.

Quanto às obrigações religiosas, a mulher tem os mesmos deveres que o homem, entretanto há algumas exceções.

Durante o período menstrual a mulher fica isenta das orações e da prática do jejum, sendo que no segundo caso ela deve repor os dias não jejuados.

Ao longo da gravidez a mulher faz as orações normalmente, caso considere que sua saúde não será de nenhum modo prejudicada e, em relação ao jejum, ela pode optar por não fazê-lo, repondo os dias quando for possível.

No pós-parto, mais precisamente no período de quarentena, a mulher fica isenta das orações e, no que diz respeito ao jejum, repõe os dias não jejuados quando puder.

A ida das mulheres à mesquita é facultativa, sendo obrigatória ao homem.

Muçulmana

O estudo, o trabalho, o casamento e a sexualidade

O profeta Muhammad disse que é obrigação de todo muçulmano buscar o conhecimento, ou seja, independentemente de gênero.

Logo, são inverídicas as afirmações de que a muçulmana não pode estudar.

A mulher não só pode como deve procurar o conhecimento e pode também, se quiser, trabalhar, sabendo que na visão islâmica a obrigatoriedade quanto ao sustento da família é do homem.

Assim, quando a muçulmana trabalha seu salário é para uso próprio, enquanto que o homem tem o dever de usar o que ganha primeiramente para a manutenção do seu lar.

Se ela desejar ajudar nas despesas de casa é um direito seu, mas a obrigação é do homem.

Ainda em relação ao estudo, o Islam entende que o conhecimento é fundamental para a mulher, já que esta será mãe e precisa tersabedoria para educar seus filhos em prol da construção e de uma sociedade justa.

Disse o profeta Muhammad : O paraíso jaz aos pés de uma mãe.

E em outro hadith, o profeta deixou claro que a posição da mãe é três vezes superior à do pai.

Vê-se, por tais convicções, a importância do papel da mulher na crença islâmica.

Ao contrário do que se supõe, a mulher muçulmana tem, sim, o direito de escolher com quem irá se casar.

Evidentemente existem casamentos “arranjados” por famílias, mas é importante que se entenda que isso não é uma prática islâmica, e sim cultural de cada país.

Assim como antigamente, no Brasil, quando a mulher engravidava o homem era obrigado a casar, certamente existem casos de filhos que são “prometidos” uns aos outros desde o nascimento, mas isso em nada tem a ver com o aspecto religioso.

A mulher muçulmana pode inclusive desrespeitar seus pais – o que é um pecado no Islam em uma situação normal – caso eles tentem forçá-la a um determinado casamento.

Ainda no que se refere ao matrimônio, a mulher tem direito ao mahar, que é traduzido equivocadamente como dote e acaba sendo outro motivo de deturpação da religião.

Este, no entanto, é apenas um presente que somente a mulher pode escolher, pois é dado pelo marido a ela, e não à família.

Desta forma, não existe “compra” de casamentos, e os muçulmanos encaram este presente como uma demonstração de amor e respeito.

Outro aspecto cultural que acaba se misturando com os princípios religiosos está relacionado ao sexo.

Frequentemente se ouve falar que a mulher muçulmana não deve ter prazer sexual e que por isso elas são submetidas desde cedo àcircuncisão feminina.

No entanto, é importante que se diga que tal procedimento só ocorre em alguns países da África por fazer parte de uma antiga cultura local, não havendo relação com o Islam.

A circuncisão feminina não é incentivada pelo Islam, pois a extração do clitóris tira o prazer sexual, e a religião muçulmana garante este direito à mulher.

Certa vez, o profeta disse Não tenhais relações com vossas esposas como os animais.Que haja entre vós uma ligação!.

Quando lhe perguntaram sobre esta ligação, ele respondeu: O beijo e a conversa!.

O homem não deve, portanto, tratar a mulher como objeto sexual, e sim manter uma relação de carinho, estimular o desejo sexual em sua esposa e fazê-la desfrutar do mesmo prazer que ele.

Ao contrário de algumas religiões, o Islam não permite o sexo apenas para a procriação, mas também para o prazer que ele proporciona.

Dentre as práticas sexuais, a única proibida é o sexo anal e também quando a mulher estiver no período menstrual.

Mas, como vemos, a mulher tem tanto direito quanto o homem ao prazer sexual.

Vale ressaltar, inclusive, que, caso a mulher não seja satisfeita sexualmente pelo marido, ela pode até mesmo pedir o divórcio por esta razão.

Hijab

O hijab (A vestimenta islâmica feminina)

Embora os muçulmanos sejam estereotipados como machistas e acusados de manter suas esposas em uma posição inferior, lemos na Bíblia Sagrada: Que as mulheres fiquem caladas nas assembleias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a Lei” (1 Coríntios 14:34).

Já o Islam sempre incentivou tanto o homem quanto a mulher a expressarem suas ideias e a reivindicarem seus direitos.

Lemos também: As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido (Efésios 5:22-24).

E ainda: Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor (Colossenses 3:18).

No Islam o homem é o cabeça do casal, pois como mencionamos no tópico anterior a ele é dada a responsabilidade do sustento da família.

O muçulmano deve procurar sempre ouvir e considerar a opinião de sua esposa, tentando agir em consenso com ela em todas as situações, como companheiros que são.

Quando isso não for possível, a posição final é dele, pois caso haja algum problema será ele que arcará com as consequências de uma decisão equivocada.

Mas em nenhum momento nas fontes islâmicas se diz que a mulher deve ser submissa ao homem, pois a submissão deve ser única e exclusiva para Deus, tanto para o homem quanto para a mulher.

Afinal, a própria palavra muçulmano significa aquele que se submete voluntariamente à vontade de Deus.

Apesar do Islam não ser a religião que diz que a mulher deve ser submissa ao marido, como vimos acima, tal rotulação se dá em grande parte pela obrigatoriedade do uso do hijab para as mulheres.

A mulher muçulmana deve cobrir todo o corpo, com exceção do rosto, das mãos e dos pés.

Pode-se usar o que quiser desde que não seja justo nem transparente.

Não existe um modelo próprio, nem uma cor específica.

Entretanto, ao falar na mulher muçulmana em suas reportagens, a mídia sempre procura focalizar as mulheres afegãs, as únicas no mundo que utilizam as famosas burcas (vestimenta que cobre todo o corpo, inclusive o rosto), como sendo o retrato da mulher muçulmana.

Mais uma vez tenta-se estender um traço de uma cultura local (Afeganistão) para toda a comunidade islâmica.

A razão para o uso do véu, como todos os princípios islâmicos, é baseada na lógica.

O Islam procura sempre a preservação da família, motivo pelo qual o sexo só é permitido dentro do casamento.

Segundo a crença islâmica, homem e mulher devem se interessar um pelo outro e casar não somente pela beleza física, mas sim pelo que cada um tem em seu interior.

As pessoas devem se apaixonar pelo jeito de ser, pelo caráter, pelo bom coração, pela honestidade e pela religiosidade.

A beleza, a riqueza e a nobreza, por exemplo, não devem ser utilizados como padrões prioritários de escolha do cônjuge, pois todos esses aspectos podem desaparecer com o tempo.

Já os valores que cada um possui dentro de si ficam para sempre, e é isso que o muçulmano deve procurar ao tentar encontrar uma pessoa para se casar.

Por essa razão, a mulher não deve mostrar seus atrativos físicos na frente de homens com os quais possa contrair matrimônio.

É natural vermos hoje em dia pessoas que casam pela beleza umas das outras e logo depois ocorrer o divórcio, já que não se observou o que realmente importa na escolha de um(a) companheiro(a) que se pretende manter por toda a vida.

A mulher tem sua vestimenta mais característica, mas o homem também deve se vestir de forma adequada, sem roupas justas e cobrindo a quase totalidade do corpo.

Ou seja, as esposas se preservam e se produzem para os seus maridos e vice-versa.

No entanto, o uso do hijab incomoda, na verdade, porque a mulher muçulmana não se submete aos modismos da vida contemporânea e da sociedade de consumo na qual estamos inseridos.

Para confirmar este incômodo gerado pelo uso do hijab, basta analisarmos a proibição do seu uso nas escolas francesas; justamente na França, o país da Liberté, Égalité, Fraternité(Liberdade, Igualdade, Fraternidade), tal decisão ditatorialsomente ratifica o medo que se tem do crescimento do Islam e a consequente intolerância religiosa criada a partir dele.

E para impedir que se tenha essa consciência, tenta-se passar aimagem de que a mulher muçulmana é infeliz e submissa, mas ninguém as obriga a se trajar dessa maneira.

Basta olhar o tratamento que se dá nas comunidades muçulmanas às mulheres que não usam o hijab.

Não há nenhum tipo de discriminação, pois a decisão de pôr o hijab parte de dentro para fora.

Ou seja, a mulher precisa se conscientizar por si só da importância do hijab, e isso somente ocorre com o crescimento paulatino da fé, e não por imposição.

As seguidoras do Islam que usam o hijab somente o fazem porqueacreditam que é uma ordem de Deus prescrita no Alcorão, e que essa é a postura correta que se deve ter perante a sociedade.

E, na verdade, a própria sociedade sabe disso, pois não se diz que as freiras, por exemplo, são infelizes ou submissas.

Ao contrário, são encaradas como mulheres “santas” e de conduta admirável.

Por que então achar que as mulheres muçulmanas são fanáticas religiosas ao usarem tais vestimentas ou atribuir-lhes outros adjetivos pejorativos?

Não há razão para tal julgamento, a não ser mistificar ainda mais uma religião que somente estimula atitudes sempre corretas em relação à vida em sociedade.

E Allah Sabe Melhor.

الله أعلم

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