Eu nasci no seio de uma família muçulmana. No entanto, o conhecimento que eu tinha sobre o Islam era básico, e isso não me era suficiente. Sentia a necessidade de conhecer mais acerca da minha religião, porque só assim eu teria a certeza de estar realmente no caminho certo e, consequentemente, teria uma fé verdadeira. Sentia também falta de um contato maior com muçulmanos, pois até então toda a minha convivência era com não muçulmanos.
Certa vez fui convidada a participar de um curso de jurisprudência islâmica, em São Bernardo do Campo. Foram 15 dias preciosos, pois nele consegui satisfazer as minhas duas necessidades principais: a de aumentar o meu conhecimento, e a de ter uma convivência maior com muçulmanos de várias partes do Brasil.
Foi estudando a religião no decorrer desses dias que descobri que o Islam é a religião do equilíbrio, e que os seus ensinamentos estavam todos de acordo com a lógica. Descobri, ainda, que a fé não é cega como dizem, pois Deus nos dotou de razão para que possamos usá-la. Vi que para tudo há uma explicação e, a partir daí, tive a certeza de que estava no caminho certo.
O que mais me fascinou é que o Islam abrange todos os aspectos da vida, e pude perceber então como o Islam valoriza a mulher. Entendi o verdadeiro sentido do uso do véu, que não é o da submissão, mas sim o da valorização e o da proteção da mulher. Resolvi, então, usar essa vestimenta sem ter receios em relação à reação das pessoas, pois a convicção que tomava conta do meu ser se transformava numa necessidade cada vez maior de adotar o Islam em toda a sua plenitude na minha vida.
No Islam não adianta você ser muçulmana porque seu pai é, ou porque seu amigo é, pois o que vale é você acreditar no que está seguindo. E mesmo vivendo num país não muçulmano, posso dizer que nunca sofri nenhum tipo de preconceito por parte de ninguém em decorrência da minha vestimenta, muito pelo contrário, mais pessoas passaram a me respeitar e valorizar ainda mais.
Quero frisar que o fato de eu ter adotado o Islam na minha vida não me trouxe qualquer empecilho (como, por exemplo, o de continuar os meus estudos). A minha vida continuou o seu curso normalmente, só que agora iluminada pela luz da Revelação e embelezada pelo brilho da fé.
Cresci numa familia religiosa, e dentro desta religião pensei ter encontrado o caminho correto de volta a Deus. Numa determinada época de minha vida, decidi fazer uma viagem aos Estados Unidos, exatamente para conhecer lugares ensinados por aquela determinada religião.
Assim que cheguei nos Estados Unidos encontrei uma amiga especial, que há anos não via, e nos abraçamos e choramos. Como cheguei exatamente no mês de meu aniversário, ela com muito carinho me ofereceu uma festa de aniversário, e então nos preparamos para esta pequena recepção.
Quando cheguei em seu apartamento havia alguns amigos, mas alguém em especial chamou minha atenção, alguém que futuramente seria meu esposo. Fiquei sabendo por essa amiga que aquele rapaz, segundo suas palavras, era um anjo na vida dela, pois a ajudava em muitos afazeres do dia-a-dia. Minha amiga tem um defeito físico que a impossibilita de fazer muitas coisas. Então ele, de alguma maneira, facilitava o seu fardo.
Casamos-nos três meses depois que nos conhecemos, e a partir daí comecei a entender o que significava ser um verdadeiro muçulmano no dia-a-dia. Fui diagnosticada com câncer, logo após a perda de minha primeira gravidez, e através dessa dor tão forte sentia que Deus, em Sua misericórdia, estava me mostrando algo que mudaria minha vida.
Durante todo o transcorrer de minha doença e quimioterapia, tive esse homem maravilhoso que tenho por marido a meu lado. Não contava com ninguém, somente com a ajuda de alguém que eu mal conhecia, mas ele estava lá, dia e noite, a meu lado, sempre me ajudando.
Sentia sua fé, suas orações eram, e são, acompanhadas por lágrimas de devoção. Queria isso para mim, pois, apesar de ter uma religião, sentia que algo me faltava, mas teria que buscar por mim mesma, pois não poderia viver pela fé de meu marido. Com o passar do tempo, tive a oportunidade de encontrar pessoas maravilhosas, que prontamente me ajudaram sem muitas vezes me conhecerem. Comecei a construir minha fé através da leitura ávida e das orações.
Sempre pensava no porquê das mulheres muçulmanas cobrirem a cabeça, e isso não fazia sentido para mim, pois me parecia puro símbolo de submissão. Adquirindo mais e mais conhecimento sobre o Islam, decidi que usaria essa vestimenta, pois, contrariamente ao que eu pensava, significa o quanto as mulheres são respeitadas dentro desta religião.
Tomei essa decisão por mim mesma, e posso dizer o quanto me sinto mais próxima de Deus por seguir Seus ensinamentos. Todos esses passos foram tomados à medida em que aumentava a minha fé. Que possa Deus me abençoar para que, de alguma maneira, eu possa ajudar alguém assim como recebi ajuda de muitas irmãs.
Com carinho, Carmen Ben Abdallah
Bismilahi arrahmani arrahim
Tem um versículo no Alcorão de que gosto muito.
“Quando Meus servos te perguntarem de Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei suas preces quando a Mim se dirigirem”. Hoje consigo perceber que sempre perguntei por Deus sem o saber, e, apesar de nunca ter sentido sua presença, foi Ele quem me conduziu até aqui.
Bem, posso dizer que fui buscar lã e saí tosquiada. Eu precisava de alguns subsídios para fazer um trabalho e fui ter com o Haidar em sua loja. Deste primeiro momento até hoje, as coisas foram acontecendo.
“A quem Deus quer iluminar dilata-lhe o peito para o Islam”
Haidar me encaminhou para a Sociedade, onde fui recebida pelo Kemel. Comecei a frequentar as aulas de sábado e domingo ministradas pelo Sami, Munzer e Abdo e, pouco a pouco, meu peito foi se dilatando e fui descobrindo o verdadeiro Islam. Lá conheci muitas pessoas e uma em particular está no meu coração, o Hassan, que corrigia minha caligrafia e com quem conversava muito. Estas 6 pessoas são as responsáveis pela minha opção pelo Islam. Sei que dei muito trabalho a eles com perguntas inconvenientes, com a minha ignorância, insistência, enfim, uma chata. Para cada um deles peço sempre a Deus que os abençoe com muitas graças e bênçãos, e que se algum mérito eu tiver, que seja deles, pois sem eles não teria chegado até aqui.
Primeiro li o Alcorão e devo confessar que fui tomada pelas mais diversas sensações: espanto, surpresa, medo. Depois li a vida do profeta e concluí que aquele homem não poderia ter escrito aquele livro, como eu supunha que tivesse. Afinal, ele era analfabeto, desprovido de ambições mundanas, e para escrever aquele livro era preciso alguém com um pouco mais de qualificação, eu achava. Que Deus me perdoe, mas eu não conseguia aceitar a origem divina do Alcorão. Então voltei para o Alcorão e comecei a lê-lo com outros olhos, e fui percebendo coisas que até então me eram absolutamente desconhecidas. Como o Alcorão chama nossa atenção para as coisas triviais que estão à nossa volta, a maravilha da natureza, a beleza da criação, onde tudo tem um propósito e se interrelaciona na mais perfeita harmonia. Como o Alcorão reconhece a nossa natureza humana e por isso mesmo não nos pede o impossível, como o Alcorão reconhece nossas necessidades, fraquezas e limitações, o que não quer dizer que temos sinal verde para violar a lei. Não, o Islam apenas diz que Deus é perdão e misericórdia, e que sempre que buscarmos refúgio Nele encontraremos paz e segurança.
O Islam me ensinou o sentido da responsabilidade, pelos meus atos, pela minha conduta, pelo meu semelhante.
O Islam me ensinou o verdadeiro significado da palavra jihad, tão mal compreendida na mente das pessoas. Posso dizer que cada dia vivo minhajihad particular na busca do conhecimento, na construção da minha fé, na prática da minha religião.
O Islam me deu uma identidade. Quero dizer, antes para eu me identificar eu tinha que fazer um histórico da minha vida, professora, identidade nº tal, CPF nº tal, estado civil, partido político tal, etc. Agora, basta eu dizer “Sou Muçulmana”. Sequer preciso dizer meu nome, pois eu sou uma irmã, entre irmãos e irmãs. Sou Muçulmana e aonde quer que eu vá, aqui no Brasil ou na China, nos EUA ou na Austrália, quando digo “Eu sou Muçulmana” está implícita toda a minha vida, com todos os números que quiserem me dar, minha opção de crença em um Deus Único, todo o meu presente e toda uma perspectiva para o meu futuro.
O Islam me ensinou o verdadeiro sentido da palavra liberdade. Foi por livre escolha que me submeti a Deus, o que pode parecer um contrassenso. Só consegui me submeter a Deus e ser uma muçulmana, isto é, aquela que se submete, quando me senti livre para conscientemente escolher esse caminho.
O Islam me ensinou a exigir dos outros o respeito pela minha condição de mulher. Na sociedade em que vivemos, nos acostumamos a aceitar como natural o desrespeito, o deboche, o esfacelamento da integridade feminina, em nome de padrões artificiais e supostamente civilizados.
O Islam me ensinou a conversar com Deus e me recordo de um dito do profeta: “Se você quiser falar com Deus, reze, mas se quiser que Deus fale com você, então leia o Alcorão”. Não preciso da intermediação de ninguém, só eu e Ele, na mais doce intimidade.
Sei que ainda falta muito para chegar ao fim desse caminho. Mas também sei que cada dia, sem pressa, é uma etapa vencida, por menor que seja, e uma nova por vencer, por maior que seja e, principalmente, sei que conto com a ajuda dos meus queridos irmãos e irmãs para alcançar esse objetivo.
Fazer o relato de reversão é uma experiência um tanto difícil, porque a considero pessoal e intransferível. Cada pessoa tem seu próprio momento e circunstâncias, mas espero que este relato possa ser útil àqueles que no momento estão pretendendo abraçar o Islam.
Ao contrário de muitas pessoas, eu não fiz nenhuma procura religiosa, eu estava muito feliz (ou achava que estava) com o meu agnosticismo. Eu fui batizada na Igreja Católica, como a maioria das crianças brasileiras, mas era uma autêntica “catolaica”.
Durante a maior parte de minha vida fui atéia convicta, mas depois de um tempo achei que da mesma forma que ninguém havia me dado provas suficientes da existência de Deus, por outro lado também não havia meio de confirmar com 100% de certeza a Sua não-existência, então me tornei agnóstica e fiquei “em cima do muro”. Esta posição não me incomodava nem um pouco, nunca tive crises existenciais por causa disto e a clássica pergunta “de onde viemos e para onde vamos?” não era motivo de preocupação, já que eu achava que ninguém tinha mesmo uma resposta para ela.
Portanto, devido à minha total, profunda e mais absoluta descrença, Deus em Sua misericórdia decidiu que o Islam teria que bater à minha porta, porque se dependesse de mim eu não moveria uma palha para isto. Foi um processo relativamente longo e vou tentar resumi-lo. Começou quando encontrei uns muçulmanos que estavam no Brasil a trabalho, e, embora eles não aparentassem ser religiosos, falavam do Islam.
Apesar de já terem se passado na época 10 anos da Revolução Islâmica no Irã, as imagens das mulheres cobertas de negro e ameaçadas de castigos físicos se não se cobrissem ainda estavam bem vivas na minha memória, e era esta a ideia que eu tinha do Islam. O comportamento destes muçulmanos não se encaixava nestes padrões, e eu considerei que talvez eles não fossem pessoas religiosas. “Se fossem”, eu pensei, “com certeza estariam me tratando mal por ser mulher”.
Eu sempre argumentava contra as afirmações destes muçulmanos, e embora meus argumentos fossem razoavelmente bem sucedidos com os meus amigos cristãos, não funcionavam com eles. O problema é que todos os meus argumentos se baseavam na ideia passada pela mídia, ou em uma analogia com o cristianismo, e as duas abordagens não funcionam no caso do Islam.
Resolvi então estudar o Islam por dois motivos básicos: “salvar” estes muçulmanos das “limitações” que a crença religiosa supostamente impõe à liberdade de pensamento, e não perder mais nas discussões que tínhamos sobre religião, por conta de meu pouco conhecimento do Islam.
Comecei a ler, mas se encontrar bons livros sobre o Islam no Brasil até hoje é difícil, imagine há 10 anos atrás. Comprei alguns livros em “sebos”, mas eles na verdade não pretendiam ensinar o Islam, e sim atacá-lo. Me recomendaram que eu procurasse uma mesquita, onde eu poderia conseguir livros escritos por muçulmanos gratuitamente. Custei, mas acabei achando a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, que comecei a frequentar e onde obtive alguns livros.
Neste ínterim, resolvi ler um livro chamado “Cosmos”, do astrônomo Carl Sagan, que havia ganho de presente de minha irmã há 5 anos e não tinha tido tempo de ler em profundidade. Em uma determinada passagem do livro, o astrônomo falava do fim inevitável do mundo que conhecemos e fazia algumas especulações, baseadas nas informações científicas disponíveis, de como este fim do mundo se processaria. Em um dos livros que eu havia comprado sobre Islam, haviam algumas partes de suratas do Alcorão e uma delas tratava do mesmo assunto. A semelhança entre as duas descrições, a científica e a religiosa, me pareceram impressionantes. Supondo que tal conhecimento científico não estava disponível na época do profeta (SAWS), conclui que apenas “Alguém” com conhecimento superior poderia ser o responsável por tais informações, e que este “Alguém” só poderia ser Aquele que todos chamavam de Deus.
Esta constatação foi um choque, porque significava que eu poderia estar errada em minhas tão profundas e enraizadas convicções de descrença. Passei a crer em Deus, mas ainda não pensava em adotar o Islam como religião. Continuei lendo livros e visitando a Sociedade Muçulmana às sextas-feiras sempre que possível.
Passei a trocar ideias sobre Islam com um casal de muçulmanos convertidos (ele americano, ela brasileira), e em um determinado momento eles me deram de presente uma tradução do Alcorão. O impacto definitivo foi quando encontrei um versículo falando do desenvolvimento embrionário com tamanha precisão, que mais uma vez me deparei com a constatação de que era impossível que um homem que vivia no deserto há mais de 1.400 anos pudesse ter tal conhecimento e fosse, consequentemente, o “autor” do Alcorão.
Fui aos poucos me convencendo de outros aspectos da religião. Ao mesmo tempo eu achava que devia ser coerente, e se havia sido através do Alcorão que eu havia chegado até Deus e se eu acreditava que ali estava a verdade, eu devia então praticá-la por inteiro.
Foi um período difícil, porque eu sabia que esta decisão mudaria a minha vida e eu também me preocupava um pouco com a reação das pessoas. Na realidade nem tanto por elas, era mais uma questão de orgulho. Eu havia passado boa parte de minha vida adulta negando Deus e criticando as pessoas que tinham alguma religião, porque acreditava que este era um sinal de fraqueza e incapacidade de lidar com o desconhecido, que as levava a recorrer a explicações “sobrenaturais” para responder às suas dúvidas existenciais. Além disto eu era uma feminista “ferrenha”, e feminismo e Islam sempre pareceram incompatíveis aos olhos ocidentais. Como então eu iria encarar todos os meus amigos e dizer que eu iria abraçar uma religião, e justo o Islam? Seria um reconhecimento “público” de que estava errada.
Tentei tomar a decisão mais fácil: esquecer tudo e retomar a minha vida normal. Só que não consegui. Afinal, eu estava negando o quê, para quem? Eu não podia enganar a mim mesma, seria ridículo e incoerente.
O sofrimento resultante destas constatações e o questionamento sobre que caminho seguir foram o meu “jihad” (esforço no caminho de Deus). Fiz a minha “shahada” (testemunho de fé) e me tornei muçulmana em 14 de dezembro de 1990, alhamdulillah (louvado seja Deus).
Fui apresentada ao Islam através de um muçulmano que me emprestou alguns livros. A partir daí comecei a buscar mais informações na internet, e diariamente lia tudo sobre o Islam. Sempre acreditei em Deus, mas não conseguia trazê-lo para o meu dia-a-dia. Conheci diversas religiões, mas não encontrava respostas para as minhas perguntas. E desde que passei a rezar só para Deus, me vestir mais sobriamente e seguir as orientações do Alcorão minha vida melhorou muito, seja na família, no trabalho e socialmente.
Em uma sexta-feira dei meu testemunho de fé, e senti muita felicidade e paz. Me sinto equilibrada, confiante, serena. Agora sei porque vivo, para onde vou e como devo viver. Nasci de novo. Sinto grande dificuldade no exercício diário da fé, pois minha família é católica. Mas, com a ajuda dos meus irmãos Clever, Kátia e Sami vou aos poucos aprendendo a ser uma muçulmana com mais conhecimento. Que Deus abençoe a todos que vêm me ajudando neste período de transição.
Em meados de 1999 comecei a pesquisar sobre religião. Nesta busca cheguei a alguns sites na internet sobre o Islam, em especial o site da irmã Maria Moreira, que naquela época estava morando no Egito. Até aquele momento tudo que eu sabia a respeito do Islam era o que a mídia, sobretudo a televisiva, veiculava.
Esta irmã me informou o endereço da SBMRJ e os telefones da família Isbelle, que naquela época eram os poucos que trabalhavam na divulgação da religião aqui no Rio de Janeiro. Foi aí que comecei de fato a conhecer o Islam e a confrontá-lo com o que até então haviam me ensinado no catolicismo a respeito de Deus e Jesus.
Neste momento estava tendo muitos conflitos de valores em minha vida pessoal, e os diversos questionamentos sem resposta me deprimiam e me empurravam para uma vida de baixa autoestima. Eu não me sentia bem. Não estava feliz.
Quando conheci o Islam – e os muçulmanos que Deus colocou em meu caminho naquele momento tão conflituoso – foi como se a minha vida se descortinasse, e assim pude deslumbrar uma nova visão de mundo. Conheci a misericórdia de Deus e o Seu perdão.
Foi assim que vi minha se transformar a partir do momento que descobri que só há um Deus, e que a verdadeira felicidade está em viver a vida de acordo com os Seus ensinamentos.
Tudo mudou para mim. Me reverti em 2000. Em 2001 me casei. Em 2005 fiz o Hájj. Em 2006 nasceu meu filho. E desde então até os dias atuais, minha vida está abençoada, graças a Deus!
O meu conhecimento quanto ao Islam não era diferente da maior parte da população do “mundo Ocidental”. Ou seja, nenhum. Até que em 2007 conheci um muslim (que hoje é meu marido), praticante da religião, que em conversas apresentou-me o Islam. Ele me passou a sua vivência cotidiana, mostrando como é maravilhoso reservarmos nosso tempo diário para estar junto a Allah, pois só Ele é Clemente e Misericordioso, e então eu teria minhas “respostas”.
Passei a pesquisar melhor, a trocar ideias com outros irmãos e irmãs muçulmanos, comecei a entender que para tudo se tem uma resposta no Islam. Então me apaixonei, fiz minha shahada e hoje tenho orgulho em responder às pessoas que me perguntam qual a minha religião. Eu digo “Sou muçulmana, alhamdulillah!”.
É claro que o preconceito, como a palavra mesmo diz, existe, e muito. Ele começa muitas vezes dentro da própria família, mas cabe a você estar seguro do que quer e do que busca, deixando com isso bem claro que esta foi a sua escolha, e que você merece respeito.
Uso meu hijab com orgulho sob os olhares mais diversos: uns de admiração, outros de reprovação. Sempre ouço “Aqui não é um país islâmico, porque você usa?”. Então eu esclareço que o véu faz parte da vestimenta da mulher muçulmana, que me sinto completa com ele, e que o cumprimento para um muslim não é “hare baba”, e sim “assalamu aleikum”.
Hoje posso dizer que sou uma mulher realizada. Tenho minha religião, onde me encontrei, uma família de sangue estruturada, onde cada um se respeita, e a família da Mesquita da Luz, da qual sou frequentadora com orgulho, pois é o lugar onde sempre adquiro conhecimentos através de palestras, cursos e diversas atividades voltadas ao Islam.
Minha reversão ao Islam mudou minha vida para melhor, alhamdulillah!
Allah Hafiz a todos os irmãos!
A minha história com o Islam começou um pouco antes de eu conhecer a religião de fato. Sou professora de História da rede estadual, e a minha vivência e o trabalho com as questões sociais dos alunos me faziam ter a impressão de que tudo estava errado, de uma maneira que não conseguia compreender.
No mês de agosto de 2011, Ramadan, adicionei um muçulmano numa rede social por curiosidade: “Como os muçulmanos conseguem ficar um mês inteiro sem comer ou beber água?”. Ele se disponibilizou a responder todas as minhas perguntas, sem me forçar a nada, apenas respondendo o que eu perguntava.
Um dia ele me perguntou “Você é muçulmana?”. Diante de minha negativa, ele me disse: “Você não acredita que Jesus é filho de Deus, você acredita que o Alcorão é um livro revelado por Deus, você acredita nos anjos, você acredita que o Profeta Mohammad é mensageiro de Deus… essa é a crença dos muçulmanos!”.
Diante disso, intensifiquei minha pesquisa sobre a religião islâmica, começando pelo “papel da mulher no Islam”. Ao ler sobre a nossa condição, pensei: “É isso que eu quero para mim”. Mas o Islam é quem escolhe você, e não o contrário! Fiquei sabendo pela internet de aulas de árabe na Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ). Telefonei perguntando os detalhes e fui num sábado, 25 de setembro. Minha surpresa foi descobrir que havia chegado na Mesquita da Luz, na Tijuca!
Mas o acontecimento mais marcante para mim ocorreu na primeira vez que ouvi uma recitação do Alcorão. Apesar de desconhecer que se tratava do Alcorão, fez sentido para mim. Era como se todos os meus anseios e desconfortos estivessem encontrando um lugar familiar, de descanso. A recitação era da surata Mariam, da ayah 77 até o fim, e um dos trechos diz:
“Sabei que tudo quanto existe nos céus e na terra comparecerá, como servo, ante o Clemente; Ele já os destacou e os enumerou com exatidão; Cada um deles comparecerá, solitário, ante Ele, no Dia da Ressurreição; Quanto aos crentes que praticarem o bem, o Clemente lhes concederá afeto perene; Só te facilitamos (o Alcorão), na tua língua, para que com ele exortes os devotos e admoestes os contenciosos”.
Após 5 meses de estudos, fiz a shahada no dia 20 de janeiro de 2012, na Mesquita da Luz, alhamdulillah. Costumo dizer que “voltei pra casa”.
Horário das orações